terça-feira, 3 de janeiro de 2012

GLAUCIAS (335 – 302 a.C.)

Glaucias (em grego Γλαυκίας; governou em c.335-302 a.C.) foi um dos maiores reis ilírios do Estado Taulâncio que dominou os assuntos da Ilíria na segunda metade do século IV a.C. Em 344 a.C., o rei taulâncio Pleurato I, o pai de Glaucias, estava engajado numa batalha com Filipe II, rei da Macedônia. Em um esforço quase perdido, Pleurato tentou impedir os avanços de Filipe na Ilíria e num combate chegou a ferir o rei macedônio que perdeu no embate boa parte de seus heterai (companheiros). Filipe finalmente contentou-se com a posse da região ilírica de Dassaretia. Após isso, Isócrates (436-338 a.C.), orador e retórico atenienses partidário do pan-helenismo, delimita o Estado dos taulâncios apenas às terras ao longo do Mar Adriático.
Os taulâncios (taulantii) e as demais tribos ilírias e adjacências

A Revolta Ilírica
Parece que durante o início de seu reinado, provavelmente antes de 335 a.C., Glaucias e Alexandre III, sucessor de Filipe II, poderiam ter tido relações bastante amigáveis, embora isso não se saiba ao certo uma vez que Alexandre acompanhou seu pai em campanhas na Ilíria. Em 337 ele tinha escoltado Olímpia, sua mãe, para o Épiro e foi de lá para a Ilíria, onde permaneceu com um ou mais reis, talvez até com Glaucias. Alexandre também pode ter tido relações com Glaucias vivendo na Ilíria naquele momento e se abrigou lá quando ele discutiu com seu pai. No entanto, o Estado Taulâncio prosseguiu a sua política antimacedônica até quando os Ilírios  finalmente se levantaram em rebelião.
Alexandre Magno
Alexandre estava provavelmente em território dos agriânios (tribo trácia aliada da Macedônia) quando chegou-lhe a notícia dos preparativos da ofensiva ilírica em 335 a.C. O Estado Autariata sob Pleurias planejava atacá-lo no norte e Cleito, o rei do Estado Dardânio, também se levantara em revolta. Glaucias se juntou à causa do Cleito, o qual tinha ocupado a cidade de Pelion a capital de seus antepassados em Dassaretia. Pelion estava do lado ilírio do Passo do Lobo (Qafa e Ujkut). O Lago Pequeno Prespa, desde a anexação por Filipe II desta parte da Ilíria, estava do lado da Macedônia. Pelion na época era a mais forte cidade na região e era bem situada para fazer ataques à Macedônia.
Lago Pequeno Prespa

A Batalha de Pelion
Alexandre descobriu que Cleito tinha não somente ocupado Pelion, mas também as elevações circundantes, permitindo-o cobrir a cidade e o Passo do Lobo. Era evidente que ele estava esperando por Glaucias. Alexandre queria atacar Cleito primeiro; ele levantou um acampamento fortificado do rio Eordaico à vista dos dardânios e na manhã seguinte ele mudou seu exército até a muralha de Pelion. Este movimento trouxe os dardânios do alto para baixo a fim de atacar os macedônios nos flancos e na traseira. Alexandre imediatamente virou seu exército e derrotou os dardânios e depois cercou Pelion procurando bloquear a cidade. Entretanto, Glaucias, no dia seguinte, à frente de um grande exército, veio da planície de Koritsa através da passagem Tsangon e juntou suas forças com as de Cleito. Alexandre ficou em grande desvantagem numérica. Porém, com várias manobras o rei macedônio e seus hábeis guerreiros superaram essa dificuldade. Decorridos alguns dias de tensão e estratagemas, finalmente os macedônios e ilírios se enfrentaram.
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Ruínas de um castelo ilírio
Os Ilírios foram devastados pelo ataque macedônio. Cleito e o exército sob seu comando imediato, fugiram para dentro de Pelion, mas o resto sofreu o rigor da perseguição da cavalaria macedônica. Cleito incendiou Pelion a fim de não deixá-la cair nas mãos dos macedônios e foi se juntar Glaucias, que já havia se retirado para onde hoje é a região de Tirana, capital da Albânia. A revolta ilíria contra a Macedônia foi sufocada e Glaucias e Cleito tornaram-se, possivelmente, vassalos dos macedônios, vez que guerreiros ilírios foram enviados por eles para colaborar com a campanha de Alexandre na Ásia. Glaucias, porém sobreviveu ao Conquistador macedônio que morreu na Babilônia em 323 a.C. após ter conquistado todo o Império Persa. Glaucias e seu reino participarão, ainda que com pouco impacto, das vicissitudes dos reinos gregos pós-alexandrinos.

Adotando Pirro
Em 317 a.C., seis anos após a morte de Alexandre e com o poder da Macedônia nas mãos do cruel regente Cassandro, Glaucias ofereceu asilo ao príncipe Pirro, então um bebê, após a expulsão de seu pai, o rei Eácides, do trono do Épiro. Como Plutarco descreve (Vidas Paralelas) que, depois de iludir os seus perseguidores, os servos do rei que salvaram o menino chegaram na Ilíria e encontraram Glaucias em casa com sua esposa e colocaram o bebê no chão entre seus pés. Diz-se que Pirro, olhando os presentes até encontrar Glaucias e, tendo apanhado o seu manto, levantou-se em pé, segurando os joelhos para o rei. Glaucias, agradado do menino, entregou-o a sua esposa, Bereia, que era uma princesa epirota, e a incumbiu de criá-lo juntamente com seus outros filhos. Embora Cassandro, inimigo de Pirro, prometesse a Glaucias 200 talentos pela criança, o rei ilírio não o entregou e o criou na sua corte. Pirro cresceu seguro entre Glaucias e os taulâncios.
O infante Pirro na corte de Glaucias por Erasmus Quellinus (1607-1678)
Em 317 a.C. Glaucias estava em aliança com duas colônias gregas na ilíria, Epidamno e Apolônia, bem como com a ilha de Corcira enquando o poderio de Cassandro estava em baixa. Em 314 Cassandro atacou Apolônia capturando-a na primeira investida. Avançou para o norte e cruzando o rio Genusus (Shkumbin), derrotou o exército de Glaucias. O regente macedônio enganou o povo de Epidamno simulando uma retirada e colocou uma guarnição na cidade. Glaucias foi deixado em seu trono sob a condição de um tratado que exigia que ele não atacasse os aliados de Cassandro. Em 313 esse arranjo caiu em colapso. Glaucias cercou Apolônia em 312 e com a ajuda do espartano Acrótato expulsou a guarnição macedônica. Apolônia estava agora livre e hostil à Macedônia. Enquanto isso, dificuldades para a dominação macedônica surgiram no Épiro e em Corcira; aproveitando dessa situação, Glaucias enviou ajuda à também a Epidamno, expulsando a guarnição de Cassandro, de modo que a cidade ficou sob domínio do rei ilírio. Antes de ganhar o controle de Epidamno suas forças juntaram-se a oligarquia da cidade que havia sido expulsa pelos democratas e pelos corciranos.
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Representação de guerreiro ilírio em combate
Cerca de cinco anos depois, em 307, Glaucias invadiu o Épiro com um exército, colocando o partido contrário a Cassandro no poder e ao príncipe Pirro no trono. Como ainda era criança, o rei-menino tinha a sua volta guardiões designados por Glaucias. Desta forma Glaucias desafiou a Macedônia pela segunda vez após a Batalha de Pelion em 335. Isso não era simplesmente uma ação sentimental, mas mais uma tentativa de assegurar a existência de seu próprio estado, constantemente sob ataque da Macedônia e para isso Glaucias necessitava do Épiro como um aliado. Provavelmente Pirro, que “governava” através de guardiões, era uma espécie de marionete de Glaucias e houve oposição dos epirotas. Entretanto, no ano anterior à ascensão de Pirro, em 307, havia estourado a quarta guerra entre os sucessores de Alexandre, o Grande. O velho general macedônio Antígono Monoftalmo pretendia restaurar a unidade do império de Alexandre sob seu comando enfrentado outros sucessores como Cassandro da Macedônia, Seleuco da Babilônia e Ptolomeu do Egito, que tentavam conquistar a independência de seus territórios.
Pirro I, rei do Épiro
Demétrio, filho de Antígono, tinha invadido a Grécia, e Glaucias se aliou a ele, pois ambos eram inimigos de Cassandro. A aliança tinha sido cimentada por um casamento: Glaucias tinha dado irmã de Pirro, Deidamia, a Demétrio como sua noiva e assim Pirro e Demétrio eram cunhados. Mas o “reinado” de Pirro foi curto: Demétrio foi forçado a deixar a Grécia  para auxiliar seu pai Antígono ameaçado pelas forças combinadas de Cassandro, Ptolomeu, Seleuco e Lisímaco. Assim, quando Pirro, sentindo-se seguro em seu reinado (302 a.C.), visitou Glaucias para assistir ao casamento de um de seus filhos com quem fora criado. Seus súditos revoltaram-se, saquearam os seus bens e convidaram a Neoptólemo II, filho do antigo rei Alexandre I, a ser rei do Épiro. Parece provável que Cassandro estivesse por trás da insurreição. Embora a data da morte de Glaucias não seja conhecida ele parece estar vivo durante esse episódio. Posteriormente, o Estado ilírio dos taulâncios foi absorvido pelo do dardânios, que voltara a crescer.
Túmulo ilírico (Bósnia-Herzegovina)
FONTE:
http://en.wikipedia.org/wiki/Glaukias
http://s14.invisionfree.com/AlbanianLibrary/index.php?showtopic=20

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