sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ESCERDILAIDAS (218-206 a.C.)

Escerdilaidas (em grego: Σκερδιλαΐδας [Skerdilaidas]; governou em 218-206 a.C.) foi um rei ilírio do Reino dos Ardieus. Antes de assumir o trono Escerdilaidas foi comandante dos exércitos ilírios e desempenhou um papel importante nas Guerras Ilíricas contra os romanos. Ele foi um dos mais jovens irmãos do rei Agron e pai do rei Pleurato III e avô o rei Gêncio. Escerdilaidas participou de muitas expedições nos mares Jônico e Egeu com Demétrio de Faros e seu cunhado Amina. Durante seu reinado, Escerdilaidas inicialmente foi um aliado de Roma. Em 217, como tal, tornou-se um inimigo da Macedônia. 
Ilustração de oficiais ardieus
Com os romanos ocupados na sua guerra com Cartago, Filipe V da Macedônia procurou tomar o sul da Iliria de Escerdilaidas e fez vários avanços no Estado Ardieu de 214 a 210 a.C. No entanto, Filipe tinha mais do que apenas os romanos com que se preocupar. A Macedônia era uma presença odiada no Mediterrâneo e por isso os etólios (gregos) e os dardânios (ilírios) sob o rei Longaro juntaram-se a Escerdilaidas para derrotar Filipe V em 208 a.C. Sem chance de vitória, o rei macedônio aceitou a paz em 205 a.C. Diferentemente da maioria dos reis ilírios, muitos dos quais só há dados esparsos, Escerdilaidas é muito mencionado nos escritos dos historiadores Apiano, Tito Lívio e Políbio, em suas crônicas das guerras romanas e gregas.

Escerdilaidas, o Comandante
Escerdilaidas, muito tempo antes de ser rei, foi um dos líderes centrais que determinaram a política ilíria. Ele foi o comandante do exército ilírio durante o reinado de seu irmão, Agron. Escerdilaidas também serviu sob a rainha Teuta e até mesmo Demétrio de Faros. Ele foi um dos principais defensores de Teuta quando ela assumiu o trono dos ardieus como regente do jovem príncipe Pines. Ele desempenhou um papel determinante nos planos de Teuta para criar uma frente militar no Adriático contra Roma. Sob o reinado de Teuta, Escerdilaidas foi o comandante de uma grande força militar durante a invasão do Épiro em 230 a.C. Escerdilaidas marchou para o sul através da passagem de Antigoneia para ajudar as forças do Teuta na capital epirota de Fênice. A notícia de que Escerdilaidas estava a caminho fez com que os epirotas enviassem parte das suas forças para o norte para proteger a cidade. Após o sucesso inicial dos ilírios, o Épiro pediu assistência das Ligas gregas, enquanto o exército de Teuta, tendo se juntado com a força sob Escerdilaidas, marchou para o interior até Halicranum, no interior do Épiro, na moderna planície de Ioannina . 
Cavaleiro ardieu
Escerdilaidas escolheu uma boa posição e preparou o exército para a batalha contra as Ligas no dia seguinte, as quais estavam confiantes na vitória. Chegaram de Teuta ordens para que o exército ardieu se retirasse, porque alguns ilírios revoltados no interior do Estado Ardieu se juntaram ao Estado Dardânio sob o rei Longaro que queria invadir a região norte do estado de Teuta. Escerdilaidas foi forçado a recuar e proteger as fronteiras do norte do Estado Ardieu contra Longaro. Como Escerdilaidas marchou para o norte, Teuta garantiu um tratado de paz em favor do Estado Ardieu com o Épiro. Ainda no Épiro, Escerdilaidas liderou uma frota de lembi no Mar Jônico que pilhou Corcira (atual Corfu) e Onchesmos (atual Sarandë) e interceptaram e saquearam alguns navios mercantes de Roma.
File:Epirus antiquus tabula.jpg
Corcira e o Épiro
Após a derrota da rainha Teuta em 228 a.C. durante a Primeira Guerra Ilírica, que opôs o reino dos ardieus à República Romana, o jovem rei Pines, que era formalmente o governante do reino sob regência de Teuta, foi confirmado como rei de um limitado Estado Ardieu pelos romanos vitoriosos. Porém, Pines era ainda muito jovem, e logo a regência foi assumida por Demétrio, governador de Faros e colaboracionista ilírio dos romanos, que se casou com a mãe de Pines, Triteuta, a primeira mulher do rei Agron. Isso aconteceu, provavelmente sem o consentimento de Roma, mesmo que Demétrio fosse seu aliado.

Escerdilaidas e Demétrio
Em 220 a.C. Demétrio e Escerdilaidas fizeram uma expedição conjunta ao longo da costa do mar Jônico ao Peloponeso com noventa lembi, e, portanto, Demétrio violou o tratado com Roma. Depois de um assalto a Pilos, no oeste do Peloponeso, ter falhado, eles separaram suas forças; Demétrio foi tentar pilhagem nas ilhas Cíclades, enquanto Escerdilaidas voltou para o norte. Sendo assim, Demétrio com cinqüenta navios migrou em uma expedição de pirataria no mar Egeu, enquanto Escerdilaidas, com os restantes quarenta navios, concordou em apoiar os etólios contra uma invasão da Liga Aqueia. Parando em Naupactus, Escerdilaidas foi incentivado por seu cunhado, Aminas, rei dos atamanes, para se juntar à planejada invasão da Acaia. Escerdilaidas e seus aliados também atacaram, mas não conseguiram tomar a cidade de Cleitor. Enquanto Escerdilaidas colaborou com os etólios, Demétrio foi persuadido a apoiar a causa da Macedônia contra a Etólia em seu retorno através do istmo de Corinto, sem muito sucesso, no entanto. Demétrio retorna ao Estado Ardieu e começou a reviver o poder ilírio no Adriático, o que o fez colidir com os interesses de Roma: Eem 219 a.C. ele foi derrotado pelos romanos durante a Segunda Guerra Ilíria (220-219 a.C.).
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Pilos
Escerdilaidas e a Macedônia
Após a Segunda Guerra Ilírica, Pines foi novamente proclamado rei. Entretanto, além de não ter o apoio suficiente de seus súditos, o rei morreu repentinamente aos 15 anos de idade em 217 a.C. Escerdilaidas assumiu o papel de seu sobrinho e tornou-se rei. Roma, devido a problemas que teinha com Cartago no momento, não interveio. Já em 220, Escerdilaidas entrara em uma aliança com Filipe V da Macedônia. Escerdilaidas tinha ajudado Filipe durante a Guerra dos Aliados (também conhecida como Guerra Social) contra os espartanos, mas isto produziu pouco lucro para ele. O suporte de Escerdilaidas para a Macedônia contra os etólios foi cerceado por " tramas e conflitos " causados pelos governantes de várias cidades.
File:IllyrianKingorNoble.jpg
Representação de um nobre ou rei ilírio
Em 217 a.C., Escerdilaidas deixou seu apoio a Filipe V, sustentando que lhe foi prometido um subsídio que não foi pago e há muito esperado. Ele despachou 15 navios ostensivamente para coletar e acompanhar o pagamento, mas na ilha de Leucas, ao sul de Corcira, suas forças mataram dois dos amigos coríntios de Filipe e apreenderam seus quatro navios. A frota de Escerdilaidas, então, rumou para o sul e começou a saquear as embarcações em torno do Cabo Malea no sul do Peloponeso. Em resposta Filipe preparou uma grande força naval de cinquenta navios, de tipos diversos, que seguiu para o sul a toda a velocidade para lidar com Escerdilaidas. Este contra-ataque por Filipe foi muito lento e errou seus alvos. Escerdilaidas passou a marcha para Dassaratia tomando várias cidades e invadindo partes do oeste da Macedónia. Ele saqueou Pisseu na Pelagônia e invadiu alguns distritos da fronteira com Filipe. Antes do inverno, Filipe havia ocupado a área de Lincéstide, cortando a rota direta desde a Iliria, e estendeu seu poder sobre Dassaretia. Filipe estava planejando uma invasão à Iliria, no entanto, lá ele enfrentaria não só os navios lembi de Escerdilaidas, mas também os navios de guerra mais pesados da marinha romana.
Guerreiros ilírios

A Primeira Guerra Macedônica (214-205 a.C.)
Em 214, estourou a primeira guerra entre os romanos e os macedônios. Escerdilaidas logo entrou em uma aliança com Roma. Influenciado por Demétrio de Faro, que agora era aliado da Macedônia, o primeiro alvo de Filipe foi a costa da Ilíria. Em 216, ele havia construído uma frota de cem navios leves de guerra, usando mão-de-obra especializada dos ilírios. Ele levou sua frota, contornando o Peloponeso, para o Adriático, situação essa, com resultado tão imprevisível, que Roma, no meio de seu confronto com o general cartaginês Aníbal, não poderia intervir diretamente. Escerdilaidas apelou por ajuda e os romanos enviaram dez quinquerremes pesados da Sicília. Filipe fugiu e a invasão da Iliria foi evitada naquele momento. Duas vezes frustrado em tentativas de invasão da Iliria por mar, e agora limitado pela frota do comandante romano Levino singrando pelo Adriático, Filipe passou os próximos dois anos (213-212 a.C.) fazendo avanços na Iliria por terra. Mantendo-se afastado da costa, ele tomou a cidades do interior de Atintania e Dimale, e subjugou as tribo ilírias dos dassaretas e dos partinos e a parte sul do Estado Ardieu.
Localidade de Shkodra, onde outra havia a
cidade de Scodra, capital dos ardieus
Escerdilaidas com seu filho Pleurato (III), Longaro, rei do Estado Dardânio e a Liga Epirota, juntamente com a Liga Etólia aliaram-se uns com os outros, de acordo com a resposta de Roma. Durante o conflito, Escerdilaidas lutou para recuperar o terreno perdido durante a Primeira Guerra Ilírica, mas o Tratado de Fênice em 205 a.C., que pôs fim a Primeira Guerra Macedônica, reconheceu formalmente a posição favorável da Macedônia, incluindo a captura das comunidades do sul da Ilíria. Escerdilaidas morreu pouco antes de o tratado de 205, pois apenas seu filho Pleurato III está listado entre os presentes em Fênice.

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